segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O MITO DA CAVERNA E A MÍDIA TELEVISIVA




   O amor é um sentimento em extinção nos dias atuais. O verdadeiro amor é um sentimento humano e não se pode confundi-lo com apego. O apego é um sentimento ou obsessão por coisas e objetos, uma dependência seja ela física ou emocional.

    Vivemos em um sistema capitalista extremamente consumista, ao ponto das pessoas se esquecerem do amor básico, necessário para o fortalecimento do caráter e para consolidação da posição de ser humano, estou falando do amor próprio.

    As pessoas estão rifando aquilo em que acreditam em termos de valores, chegam a vender seu próprio corpo e por incrível que possa parecer, vendem até mesmo sua própria alma (neste sentido valores e ideais).

    Mas porque fazem isso? Essa atitude vem em função de uma inversão de valores que são apregoadas aos quatro cantos, principalmente pelos veículos de comunicação.

    E sobre essa inversão de valores impostos pelos veículos de comunicação, particularmente a TV, lembrei-me do mundo das idéias – o mito da caverna, que Platão ilustra em sua principal obra, A República. O referido texto pode ser analisado sobre dois pontos de vista, o epistemológico (relativo ao conhecimento) e o político, e é
justamente ao primeiro – conhecimento, que quero me ater a esse artigo.

    O filósofo imaginou uma caverna com homens acorrentados em seu interior desde criancinhas, de costas para a entrada da caverna e com o campo de visão voltado para a parede de fundo da caverna, a única visão do mundo que esses homens tinham eram as sombras projetadas nessa parede por uma fogueira. Quando um deles conseguiu
escapar das correntes e sair da caverna, vislumbrando a real imagem das coisas do mundo, ao retornar e contar aos amigos de prisão, os mesmos jamais acreditaram em suas palavras, considerando-o como um louco.

    Pois bem, a ilustração de Platão nos remete a refletir a realidade de nossa contemporaneidade, homens (no sentido de espécie e não de gênero) que passam a vida acorrentados, desde a infância em frente da TV...

    Para simplificar, Platão utilizou desta analogia para explicar que o conhecimento humano parte de dois mundos distintos, o mundo sensível (dos fenômenos) e o mundo inteligível (das idéias). O primeiro é ilusório, uma espécie de sombra do verdadeiro mundo, já o segundo a verdade imutável, a verdadeira realidade do mundo.

    O amigo leitor pode até defender a argumentação dos donos e dirigente de TV que afirmam que a ‘caixinha mágica’ mostra apenas a realidade, mas o que eles não dizem é qual a realidade que é mostrada. Explico. A TV é um veículo pequeno e fechado, de espaço caro, a mensagem tem que ser fragmentada ao máximo, e é aí aonde
mora o perigo. O problema não é a TV em sí, mas ‘quem a faz’, quem produz o seu conteúdo e quais os reais motivadores para programação X ou Y.

    A TV mostra sim uma realidade, mas mostra somente a realidade que é interessante para determinado(s) grupo(s) (aquele[s] que paga[m]), e não podemos esquecer, o domínio pela alienação são os piores e os mais eficazes grilhões para aprisionamento de seres que, em sua essência, nasceram dotados de espírito livre. O espírito humano é como um livro e nascemos com ele cheio de páginas em branco. O que seremos ou nos tornaremos depende do que for escrito nele no longo de nossas vidas... em seu conteúdo, sombras e realidades, mais um ou outro é que demonstrará a qualidade de seu conteúdo...

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